domingo, 13 de março de 2011

Perdida de Mim

Perguntei sobre eu para mim
E não soube mais dizer quem eu era
Um traço ou outro ainda se assemelhavam ao que fui
Mas a maquiagem me tornava quase irreconhecível.
Tive a vontade de quebrar o espelho e remontá-lo
Mas ele era só um reflexo
De uma imagem distorcida e disforme,
Então não o quebrei.
Decidi lavar os olhos
E com as vistas embaçadas da água
Enxerguei o brilho da retina
Que permanecia o mesmo de antes.
Meu nome era o mesmo, minha cor era a mesma,
O brilho na retina era o mesmo,
Mas eu não era eu mesma.
Quem eu era? Eu tentava me lembrar.
Flashes de inlucidez ofuscavam minha memória
Eu quis fugir de mim pra bem longe dali,
Mas eu nem sabia onde estava
(Não fisicamente, mas onde eu tinha me permitido chegar).
Cansei de mim e me sentei no chão.
Eu era só desconhecimento e ranço,
E gritei sem voz meu nome
Pra que ele soasse bem alto na minha mente
E pra que eu retomasse o controle sobre ela.
Tudo começou a girar, a girar, a girar
E os flashes se tornando mais freqüentes,
E a inlucidez doendo nos olhos.
A retina dilatada e o brilho que crescia nela
Me cegavam por dentro
A ponto de eu ver nitidamente
A maquiagem sendo absorvida pela minha pele.
Segurando em qualquer apoio de mim,
Levantei e sequei os olhos.
Eu me vi ali, bem ali, no lugar em que estive sempre
E em que tinha me esquecido de ser e de estar,
Eu ali, bem ali, eu.